Patrimônio Cultural da Humanidade, esse sítio arqueológico possui vestígios de diversas culturas antigas, além de abrigar a maior pedra talhada do mundo. Tudo isso a 120KM de Santa Cruz de La Sierra, uma das principais cidades da Bolívia.
Quando decidimos pegar o Trem da Morte começamos a pensar o que fazer em Santa Cruz de La Sierra e nenhuma das atrações da cidade nos chamou atenção, já que Santa Cruz é uma das cidades mais desenvolvidas da Bolívia e o nosso estilo de vagem não é muito chegado em cidade grande. Então descobrimos que Samaipata ficava a 3h de distância e decidimos seguir pra lá.
O que nos chamou atenção foi a possibilidade de conhecer El Fuerte de Samaipata, este lugar foi declarado Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO em 1998 e conserva uma das maiores construções monolíticas do mundo.
Se você é viajante que quer conhecer um pouco mais da cultural sul-americana deve colocar Samaipata no seu roteiro agora mesmo.
Como chegar em Samaipata?
Para chegar na pequena cidade há algumas mini vans que saem de Santa Cruz levando cerca de 6 pessoas por vez, elas saem da Avenida Omar Chávez Ortiz, nº 1147 esquina com Soliz de Olguin, e custam em torno de 30 Bs (em torno de 15 reais)*
*Valores de Outubro de 2017
Chegando de trem em Santa Cruz de La Sierra nós nos informamos na estação e resolvemos pegar um ônibus comum para chegar até o local de saída das vans. Pegar um ônibus comum na Bolívia foi uma experiencia bem diferente, eles parecem lotações e não há sinal de parada, pra poder descer você deve avisar o motorista, então todo o tempo alguém dizia “Pare, por favor”, a impressão que dava é que nem existiam ponto de parada porque assim que a pessoa falava isso o motorista parava o ônibus.
Descemos bem próximo ao local onde ficam as mini vans e já reservamos nossos lugares para a próxima saída, eles sempre aguardam chegar um número alto de pessoas para que a viagem comece, no nosso caso dividimos o carro com mais um casal de gringos e um boliviano, o carro foi até vazio pois o número normal é de 6 pessoas para início da viagem.
Comendo na Bolívia
Enquanto aguardávamos o momento de a van sair, atravessamos a rua e fomos comer alguma coisa. Nós estávamos há mais de 1 dia comendo mal por causa da viagem no Trem da Morte e precisávamos de uma refeição decente.
Por sorte, comer bem e barato na Bolívia, é fácil pra quem ganha em real. Quando trocamos alguns reais por Bolivianos na estação de Santa Cruz, descobrimos o que é ver seu dinheiro ser multiplicado já que cada 1 real vale dois Bs.
Além dessa vantagem ainda encontramos um local em que comemos uma refeição completa por apenas 12Bs, ou seja, entrada, prato principal e bebida por 6 reais.
Sopa de entrada e prato principal com frango empanado com ovo, arroz e salada. Suco de limão para acompanhar!
A Estrada Até Samaipata
Terminando o almoço seguimos para Samaipata pelas estradas da Bolívia, o trajeto de 120km leva 3 horas, isso acontece em grande parte pelas péssimas condições das estradas. Mesmo com bastante carros e movimento, a estrada tem muitos problemas, diversos buracos e vários trechos de terra. O contraste com a grande cidade que acabamos de deixar é gritante.
Fora as condições ruins da estrada o trajeto é bem bonito, é possível ver bastante vegetação e ao se aproximar de Samaipata as montanhas ficam mais aparentes. O carro deixa todo mundo na praça da cidade e as vans que voltam para Santa Cruz também saem dali.
Nós fomos direto para o museu comprar o ingresso para o Forte de Samaipata e como o ingresso também vae para entrar no museu, aproveitamos para conhecer um pouco sobre as culturas que um dia passaram por ali.
El Fuerte de Samaipata
O Forte de Samaipata, ou apenas “El Fuerte” é um local que possui elementos de diversas culturas. Os espanhóis que colocaram o nome de “Forte” provavelmente pela localização do local que fica no alto de uma montanha de onde é possível ter uma boa visualização de todos que se aproximam, mas o local não tem relação militar, ele era utilizado em grande parte como um espaço cerimonial ligado a comunicação com deuses.
Diferentes povos habitaram o local, como povos de cultura Mojocoya (400 – 800 d.C.) que criaram uma vila no local, cultura Chané, pré-colombiana, guerreiros belicosas Guarani, que atacaram a região, e o império Inca (a partir de 1450 d.C.), que começou a construção de uma provincial no local, que nunca chegou a ser concluída.
Para chegar ao local é preciso pegar uma estrada de 9KM em subida íngreme, há algumas pessoas que fazem o trajeto a pé, mas nós não recomendamos já que é uma estrada e não uma trilha e a subida pode ser bem cansativa. Além disso, os táxis cobram em torno de 20 Bs (10 reais) * por pessoa para te levar até lá e esperar por você, o que vale a pena se pensar o tempo perdido ao subir a estrada.
*Valores de Outubro de 2017
O circuito para conhecer o forte também é longo, mas são necessárias pelo menos 2h para poder caminhar com tranquilidade e aproveitar bem as paisagens e os detalhes do local.
A maior pedra talhada do mundo
O ponto alto do passeio é conhecer a maior pedra talhada do mundo, uma pedra de mais ou menos 260 metros de comprimento e 60 metros de altura. O local foi talhado e marcado pelos primeiros povos que viveram no local, foram esculpidos desenhos de serpentes e felinos, considerados divindades, além de sistemas de escoamento de água.
Além do monumento também há ruinas e diferentes construções criadas pelas culturas antigas. Todo o trajeto é bem sinalizado e há algumas plaquinhas e mirantes que ajudam a entender e visualizar melhor. No local é possível contratar um guia para fazer o trajeto com você, nós fomos sem guia e ter passado no museu antes ajudou a entender melhor o que estávamos vendo.
No meio das montanhas
Além da parte histórica, o local também encanta pelo visual e natureza. Samaipata significa “local de descanso entre montanhas” e com certeza faz jus ao nome. A vegetação é incrível e é possível ver muitas montanhas da região. Tem até um local em que faz bastante eco por causa da posição dos morros, há uma plaquinha indicando para que você grite e escute o eco no meio do vale.
Quanto custa conhecer o Forte de Samaipata?
O ingresso custou 50 Bs (25 reais) * sem contar o transporte, mas ele dá acesso ao forte e também ao Museu que fica na cidade e possui diversos artefatos arqueológicos encontrados no local.
*Valores de Outubro de 2017.
Valeu a pena
No final do passeio nós retornarmos para Santa Cruz porque toda a viagem para a Bolívia não estava nos planos e o nosso de tempo de férias já estava acabando, mas gostaríamos muito de retornar novamente para conhecer a região de Samaipata. Há diversas cachoeiras por lá e a comunidade local é bem acolhedora, tem muitos estrangeiros que foram visitar e acabaram ficando por ali pela tranquilidade e energia do local. Quem sabe um dia voltaremos para conhecer um pouco mais.
Dicas Traveleiros
- Transporte: A melhor forma de chegar em Samaipata, vindo de Santa Cruz, é através dos táxis saindo da Avenida Omar Chávez Ortiz, nº 1147 esquina com Soliz de Olguin, e custam em torno de 30 Bs. Você com certeza irá dividir o táxi com outras pessoas, eles saem quando atingem o número de 7 passageiros ou o mínimo de 4 passageiros. Se quiser ir sozinho vai pagar mais caro e a gente não recomenda. Tmbém vale a pena pegar um táxi da praa da cidade até o Forte pois a subida íngreme de 9KM não vale o esforço.
- Alimentação: Leve algum petisco porque a viagem dura 3h e não tem paradas. Em Samaipata há diversos restaurantes com muitas opções de comida, como na Bolivia o nosso dinheiro vale mais a comida acaba saindo por um preço justo, mas em Samaipata sentimos que os preços de alimentação eram mais caros que em santa Cruz.
- Proteja-se: Samaipata está em grande altitude e o vento forte pode te enganar quanto a necessidade de protetor solar, nós acabamos esquecendo de passar e durante a visita do forte ficamos bem queimados. Outro ponto importante é beber muita água pois o tempo seco ajuda a desidratar mais rapidamente.
- Visite o museu: O ingresso para o forte também dá direito a entrar no museu que fica na cidade, nós recomendamos essa visita pois além de poder ver artefatos históricos retirados do local, também é possível conhecer um pouco mais da história e entender melhor as ruinas presentes no forte.